7.10.05

Panis et circense...

É, tal qual os imperadores romanos: pão e circo para o povo!

Parece que mais uma vez os politiqueiros do nosso país (do qual não tenho orgulho, devo admitir) vão fazer valer o famigerado jeitinho brasileiro! Já não tenho dúvida de que após a poeira baixar isto tudo vai resultar numa belíssima pizza. E sei também o que vai acontecer: aqueles que renunciaram ou virem a renunciar voltarão de forma triunfal à Casa Legislativa mais importante do nosso país, vide os exemplos do meu conterrâneo ACM, de Jáder Barbalho, José Roberto Arruda.

Caramba, tô ficando cansado! Adoro política (ainda que não seja nenhum expert), mas não agüento mais ver este imenso lamaçal que ela se tornou. Por outro lado posso até entender tudo isto: são brasileiros! Tudo o que estamos vendo lá em cima, é reflexo daquilo que se vê aqui em baixo, ainda que num "nível menor" e que por aqui não cause tantos estardalhaços! Algumas instituições já estão consagradas ("jeitinho brasileiro", "corrupção endêmica") no nosso país e a cada dia vejo mais pessoas de bem, que dão duro e com as quais convivo no meu dia-a-dia ficarem mais descontentes e abandonar a "luta" por um país mais sério.

Eu lamento que o meu filho não possa crescer num pais sério, onde a honestidade seja a tônica e não a exceção; quando acontece um ato de honestidade, o mesmo se torna notícia nos quatro cantos do país e logo vira comentário entre todos, ou ninguém aqui comentou ou ouviu comentários do tipo: "você viu aquele(a) senhor(a) que devolveu aquela mala cheia de dinheiro, eu devolveria apenas a mala vazia!". Putz! Onde é a próxima parada, que eu quero descer!

Pois bem, voltando aos políticos, leia-se ladrões de colarinho branco, eles são exatamente aquilo que representa o nosso povo e a cultura aqui vigente de se levar vantagem em tudo. É lógico que sei que existem pessoas honestas (e não são poucas, ainda que sejam minoria, ao meu ver), mas também entendo que honestidade não seja apenas não se apossar do alheio. A questão toda é que somos desonestos à medida em que as oportunidades para sê-lo vão surgindo. Para os ladrões, digo políticos, se abre uma porta do exato tamanho do nosso país!

Não posso, é lógico, desestimular que continuemos a nossa busca em colocar nos cargos legislativos/executivos pessoas que pareçam confiáveis. Eu fui eleitor de Lula, voto nele desde os idos de 1989 (como eu queria que ele tivesse vencido a eleição naquele ano, com certeza não faria ou daria continuidade a todas estas merdas). Acreditei que ele fosse o candidato mais confiável, sem essa de balela de ser mais preparado por ter formação em Harvard, Oxford, Sorbonne ou onde quer que diabos seja! Ele era, para muitos (inclusive para mim) 'a esperança da Nação!' 'O homem que vinha do seio do povo!' Pensei que não fosse se deslumbrar tanto com o poder, mas foi um ledo engano meu. O que posso dizer para parecer mais conformado é que votei naquele que achei ser o melhor para o país naquele momento e não me arrependo; mas estou profundamente decepcionado!

Insistirei em não votar nulo, afinal, como já afirmou Platão: "A pena por não participares na política, é acabar por ser governado pelos teus inferiores" . Acho que (ainda) não posso me negar a ínfima parcela de poder que tenho, que, em verdade, pouco vale. Mas a minha resistência e a minha crença de que surja alguém que governe para a maioria da população, coisa que nunca foi feita em momento algum da história de qualquer país, está perdendo a força a cada dia. Infelizmente vejo poucas alternativas (candidatos) que renovem as confiança que, em mim, a cada dia se exaurem.

Acho que vou ler de novo duas obras maravilhosas. Uma que representa algo próximo do que vejo como ideal e outra que mostra como normalmente são, infelizmente, o ser humano (tão bem representado pelos porcos). Os livros são: "Utopia", de Thomas More (sonho) e "A Revolução dos Bichos", de George Orwell (dura realidade). Quem sabe consiga voltar a sonhar com a mesma intensidade de outrora!

Ah! Acho que também vou incluir a leitura, que ainda não fiz, de "Desobediência Civil", de Thoreau.

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