22.7.06

Mundo

Nem bem apagamos as fortes imagens do maior desastre natural da história da humanidade [tsunami em dezembro de 2004], eis que um novo terremoto ocorrido no Oceano Índico, ocorrido no dia 17/07, provocou ondas gigantes que atingiram o sul da ilha de Java, na Indonésia. O número de mortos até agora, segundo o que li, chegam a 660 [bem menor que o número do ocorrido às vesperas do Natal de 2004, que foi de mais de 200.000].

O pior de tudo, nesta história, é que o governo indonésio recebeu a informação sobre o terremoto e sobre a possibilidade do tsunami 45 minutos antes do iminente desastre atingir a costa de Java, porém como não conta com um eficiente sistema de comunicação capaz de evacuar os locais que estejam em risco, nada pôde fazer! Lamentável!

Enquanto isso no Oriente Médio...

regozijo-me com a falha israelense, que, em mais um dos seus ataques, acabou matando 4 observadores da ONU que estavam no sul do Líbano assistindo de camarote a prepotência israelense [que atua como testa-de-ferro estadunidense naquela região, com toda a logística que pode receber da maior potência bélica e econômica do globo], em distribuir a esmo mísseis com os mais diversos nomes para atingir não pessoas comuns, civis, mas sempre terroristas nos seus ataques cirúrgicos.

A grande mídia quer nos fazer enxergar uma luta maniqueista entre o BEM [Israel, EUA, Inglaterra e todos os seus seguidores] contra o MAL [árabes, OLP, Autoridade Palestina, Islamismo ou qualquer coisa vinculada aos povos daquele região]. Insistem que é necessário acabar com a ameaça do terror, nem que para isso seja destruída toda uma nação, para que a pacífica e civilizada filosofia ocidental possa predominar naquela região "inóspita" e recheada de povos ainda "primitivos".

Não suporto mais tanta falácia, tanta tentativa de induzir-nos a acreditar que devemos viver sobre a benévola proteção estadunidense contra um terror, que tanto temem devido a sua própria política altamente predatória praticada contra diversas nações!

18.7.06

Bolsa-família, cotas e soluções!

Há alguns dias, ao chegar na universidade deparo-me com uma acalorada discussão a respeito de preconceito racial. Vivo em Lauro de Freitas [Região Metropolitana de Salvador] e trabalho na capital baiana, cidade que tem um altíssimo contingente de negros e pardos.
Lembro que quando comecei a cursar Administração, nos idos de 2.001, na Uneb/Salvador [hoje curso Direito na Uneb/Camaçari], de uma turma de 40 alunos, apenas 2 eram negros[!!!] Percebe-se uma clara distorção nisto!

Daí entendo o porquê das cotas nas universidades públicas: a necessidade de dar a oportunidade de mudança/ascenção social àqueles que teriam bem mais dificuldades de conseguir promover estas mudanças por outras formas que não as que hoje estão estabelecidas. Entendo que os negros/pardos busquem a afirmação da sua cultura e, mais ainda, da sua dignidade que reside no próprio orgulho de se afirmar como negro [ou pardo] sem ser olhado de forma diferenciada [negativamente] pela minoria branca [no caso específico de Salvador].

Daí me vem alguns questionamentos, tais como:
  1. o negro/pardo não entra na universidade por causa da sua etnia? Ouso tentar responder de pronto: NÃO!
  2. se o intuito é a correção de uma distorção social o que dizer da exclusão que será causada aos brancos [pobres] que vivem a mesma realidade que a maioria empobrecida da população negra, uma vez que eles vêem as suas possibilidades de transformação sócio-econômico-cultural mais reduzidas ainda?
Que existe no nosso país um preconceito velado, não tenho dúvida. Sempre que converso com as pessoas acerca do tema, vejo de uma forma muito comum o seguinte chavão: "o maior racista é o próprio negro" [ou qualquer coisa que se assemelhe a isto] num escapismo fácil, como que tentando justificar uma postura de que se alguns deles são, porque eu não deveria ou poderia ser.

Quanto a outros programas assistenciais, até busco entender quando o governo Lula promove o "repasse" de verbas públicas para as camadas menos abastadas da população no "maior programa de transferência de renda" já feito no Brasil! A fome urge e talvez aquilo faça a diferença entre sobreviver ou morrer para muitas pessoas.

Bem, agora vamos às polêmicas:

Eu entendo, mas não concordo com a política de cotas da forma como ela foi implementada, porque não percebo uma iniciativa por parte do governo em buscar as causas dos problemas por nós vivenciados: a falta de uma boa educação de nível fundamental e de nível médio. Isto significa que teremos de conviver indefinidamente com esta situação! Além do que só se mudará a situação daqueles que tiverem acesso ao ensino superior; no mais continuaremos a ter mais e mais analfabetos funcionais, graças a dilapidação do nosso ensino público [exceção feita às universidades - não que o governo não venha se esforçando para isto também].

Discordo de forma veemente dos assistencialismo governamentais, quando os mesmos não permitem a mudança de uma perspectiva! Outro engodo é o bolsa-família, ou alguém acha que um valor máximo de R$ 95,00 por família será capaz de reverter qualquer situação precária em que se encontre aqueles que, em tese, dependem desta verba! Não posso ser insensível e, como já afirmei acima, sei que este valor pode ser a diferença entre mais alguns dias de vida ou a morte para alguns... mas eles terão apenas isto: a sobrevida!

Acho que esta forma se trata de um escapismo fácil do governo, querendo nos fazer acreditar que ele tem feito a sua parte, relegando à miséria e a reprodução dela de uma parcela considerável da população!

Agora, vem a contradição: se me perguntarem se acho que o governo deve cortar de pronto estas medidas, direi, categoricamente, que NÃO! Só acho que o Estado deveria buscar, concomitantemente, soluções definitivas, numa discussão mais aberta com os mais diversos segmentos sociais. Faria uma ressalva quanto às cotas que não acho que deva ser para os afrodescentes e sim para os alunos da rede pública, sem perder de vista a necessidade da melhoria deste mesmo ensino, com a fixação de uma meta e o desaparecimento do sistema quando da consecução do objetivo estabelecido.

Alguém que se declare como branco e se declare como tal, não poderia prestar o vestibular da Uneb [instituição na qual faço um curso de graduação] porque as cotas são direcionadas para os afrodescentes, mesmo que preencha os requisitos. E a verdade é que até hoje não sei exatamente o que é ser afrodescendente?? É ser um praticante/apreciador da cultura de influência africana? É ter cor de pele negra/parda?

Se o nosso governo [e não me refiro somente ao atual] buscasse o cumprimento das suas funções sociais [elencadas na nossa Carta Magna] e oferecesse dignamente o mínimo que se espera dele talvez tais medidas não fossem necessárias!

2.7.06

AU REVOIR BRÉSIL!!! ALLEZ LES BLEUS!!

Vivi hoje um momento de imensa alegria: os que me conhecem de fato, sabem o quanto torço contra a Seleção Brasileira de Futebol. Não tenho dúvida de que nada é tão intenso no futebol quanto torcer contra ela.

Este sábado, porém, foi um dia especial. Ver aquele que é o maior jogador que vi nos últimos anos numa atuação de gala contra os canarinhos foi um presente. Aliás Zinedine Zidane presenteou não só a mim, mas ao futebol e ao mundo[que já se sentia saudoso de uma grande atuação sua]. Hoje ficou claro, para mim, como um verdadeiro CRAQUE joga futebol. Um jogador que, vivendo o "outono" da sua vida profissional, pôde proporcionar ao mundo uma atuação irretocável e tudo o que se pode esperar de um gênio!

Zizou conduziu a sua seleção tal qual um maestro que pega a batuta e mostra a cada um como e em que momento fazer. Foi como se dissesse aos seus companheiros através dos seus passes, dribles, olhares: "deixem comigo!". A partir daí foi como se a França tivesse o seu orgulho [ferido desde 2002, com a sua precoce eliminação] renovado. Foi como se os demais jogadores pensassem: "temos o nosso gênio de volta". Tudo fluiu para uma vitória incontestável.

Sei que Ronaldinho Gaúcho, eleito nos dois últimos anos o melhor jogador do planeta, tem sido o grande nome no esporte, mas não foi convicente em momentos decisivos tais como: final da última Liga dos Campeões da Europa contra o Arsenal ou qualquer atuação pela seleção brasileira [incluindo aí as suas pífias atuações nesta Copa]. Não desconsidero a sua excepcional seqüência no Barcelona, mas até agora as suas participações em decisões não foram convicentes.

O fato é que fico feliz em ter podido ver em ação aquele que considero um jogador brilhante, que consegue fazer o futebol parecer a coisa mais simples de se fazer nesta vida, fazendo-o, porém de uma forma refinada. É para mim a essência do jogador ideal, atuando naquela porção do gramado onde normalmente se vence os jogos [meio-campo].

Após Zico e Maradona, não vi nada que me encantasse tanto quanto este francês, que infelizmente atuará apenas mais duas vezes como profissional.

Hoje fiquei feliz por gostar tanto de futebol e ter podido me encantar mais uma vez!!