7.10.10

O peso da traição

Nada como bons papos ou pessoas que, com sua grande capacidade para nos proporcionar boas conversas, nos inspiram a escrever.

O que vou tratar aqui é um assunto que já foi tratado anteriormente, mas creio que sob outro enfoque: a traição.


É que estive discutindo sobre de quem seria a responsabilidade da traição, já que havia refletido sobre isto.

Entendo que quem trai, vai saber e ter os seus motivadores, o que não precisa ser, necessariamente, aceito pelo traído. O que quero dizer é que o traidor vai justificar, mas quem é traído não precisa aceitar tais justificativas.

Mas bem, o que me motiva agora é falar sobre a responsabilidade da traição. Muitas vezes aquele que recebeu o "chapéu de touro" é acusado de contribuir para que o evento ocorra. Existem casos e casos, como os dos que incentivam a ocorrência de uma relação do parceiro com outro. Mas convenhamos: neste caso não seria uma traição, já que houve o consentimento. O que trato aqui é da traição: uma relação com outra pessoa sem o conhecimento, consentimento do parceiro.

Nos casos em que ocorre a traição, penso que ela se trata de uma decisão pessoal e que se reforça dia a dia, quando se trata de algo contínuo. Claro que existem as traições fortuitas, fugazes, mas que também não deixam de ser baseada num momento de escolha do traidor. E não quero aliviar o peso da responsabilidade pela decisão do infiel, mas, sem dúvida, quando temos diariamente a possibilidade de fazer diferente, como atribuir qualquer responsabilidade a terceiros [no caso o parceiro]? A diferença entre uma traição fugaz e uma contínua é que nesta se tem tempo para ponderar sobre o que se está fazendo, enquanto naquela nem sempre se tem tempo para se ponderar de forma mais detida: a pessoa só resolve trair e pronto!

A questão é que quem está traindo muitas vezes busca subterfúgios, sinais, confirmações no comportamento do outro para justificar aquilo que, no seu íntimo, quer fazer.

Pode até parecer reducionismo, mas acho que dividir a responsabilidade da traição é querer diminuir o peso de um ato que considero exclusiva do agente traidor. Ainda que algo esteja faltando na relação, e se isto se torna um fardo, mais fácil seria o caminho do término [claro que esgotadas as conversas, as tentativas de fazer com que o outro perceba que não está mais sendo como outrora].

Eu bem sei, porém, que nem sempre isto é tão fácil de fazer. Abdicar de uma relação, dependendo do motivo, nem sempre é tão simples como alguns insistem em achar. E aí é que chego no ponto crucial desta postagem: a traição, por estar sentindo falta de algo no parceiro [que é a desculpa mais comum], é, além de uma "punhalada" nas costas do parceiro, um ato de extrema covardia da parte de quem trai. É com isso que o traidor tem que lidar: tomou a sua decisão por não ter coragem de agir de outro modo.

Sei que apesar desta postagem as traições sempre continuarão a existir. Não tenho, em verdade, a ideia de demover ninguém daquilo que entende como adequado para a sua vida. Só entendo, hoje, que quem trai tem que arcar com o peso de sua decisão e aceitar que isto se baseia numa decisão exclusivamente pessoal. E eu bem sei que isto vale para mim também [e o digo por empirismo].

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