5.10.10

Política, eleições e breve relato de uma decepção

TENHA MEDO!!!!!!




Iniciarei a presente postagem com um texto de Bertolt Brecht, talvez já de pleno conhecimento da leitora dos leitores desse blog:

"O Analfabeto Político
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

Desde o início da minha consciência [ou "alfabetização"] política, posicionei-me como alguém com certa predileção pela esquerda, haja vista entender que o discurso político dos partidos/candidatos que se colocavam nesta linha ideológica se aproximavam mais das coisas com que sempre acreditei. 

Concomitante ao meu despertar político surgia um candidato oriundo das classes trabalhadores e de um partido emergente que propunha um discurso que me encantaram. Ali estava nascendo a minha simpatia partidária com o Partido dos Trabalhadores e com o seu principal nome, o hoje presidente Luis Inácio da Silva.

E durante suas 4 primeiras campanhas presidenciais, estive ao seu "lado", discutindo com amigos, familiares, colegas de trabalho e qualquer pessoa que se mostrasse disposta a discutir os rumos políticos do nosso país e que ele seria a solução para que o Brasil pudesse pegar o bonde da história e ser colocado nos trilhos do progresso.

Nunca esperei que quem quer que fosse transformasse o Brasil numa Suíça em 4, 8 ou 50 anos, mas imaginava que poderíamos ver resgatados o orgulho de fazer parte desta nação, o respeito pelas pessoas e, principalmente, a moralidade no trato da coisa pública, uma vez que Lula e o PT se colocavam como baluartes dessa moralidade há tempos perdida.

Qual nada! Exatamente como seus antecessores [quiçá num nível até maior], as notícias sobre corrupção, os conluios arranjos políticos em nome da governabilidade, o resgate de nomes já quase mortos e esquecidos no cenário político, renovando-lhes as forças, tais como Sarneys, Collors, entre outros, mostraram que as coisas definitivamente não seriam muito diferente do que vinha sendo.

E tome dinheiro em cueca, em meias, pizzas e mais pizzas oriundas do Antro Congresso Nacional, mensalões, mensalinhos e o diabo a quatro... tudo com o apoio velado da nosso cego presidente[que nunca via ou sabia de nada].

Todos esses fatos me tornaram um descrente nos discursos da quase totalidade de políticos. Partidos políticos e seus discursos ideológicos já não enchem meu imaginário de um país diferente, pois esta corja de profissionais da politicagem, que só visam seus sonhos de crescimento patrimonial e acúmulo de poder para traficar influência a torto e a direito.

O fato é que me cansei de buscar algum nome que possa fazer uma [necessária] revolução nesta republiqueta, principalmente pela minha visão um tanto quanto catastrofista: não vejo como ficar melhor. Nâo sou dos que tem esperanças baseadas em nada ou simplesmente na fé.

Pela primeira vez votei nulo. Nulo do primeiro ao último cargo político. Com a disputa eleitoral para presidente polarizada [e sinceramente não consigo entender porque sempre ficam nos mesmos partidos]. Acaso eu resolvesse votar em algum dos candidatos à presidência, sem dúvida seria Marina Silva, mas não o fiz pois quis engrossar os votos nulos só para que estes demonstrem que um percentual considerável da população não se mostra satisfeito com os rumos políticos e, mais ainda, com o tipo de política em voga no nosso país.

Não me considero um analfabeto político, sei que decisões tomadas nessa área trazem grande influência em nossas vidas, mas não me sinto obrigado a escolher um nome só para parecer que faço parte de um processo democrático que, em verdade, considero carente de nomes dignos, centralizadores e capazes de promover as mudanças que considero necessárias. E que venha o segundo turno e mais votos nulos [pelo menos da minha parte].


Nenhum comentário: